Natal

... e chegamos ao "tal" dia que devia ser especial, o Natal.
Compras e mais compras inúteis, que resultam em lixo e mais lixo. Mais uma camisola quentinha que nunca usaremos e tanta gente a dormir enregelada num vão de escada. Cada vez mais gente busca nos nossos caixotes do lixo o seu alimento, neste altura do ano são verdadeiros manjares com doçuras e sobremesas à mistura.
Estes dias amplificam em mim este sentimento de tristeza, ou melhor, de decepção. O Natal já não cheira a Natal e eu ainda não percebi se o espírito do Natal morreu ou se a ideia de repartir é tão ténue que nem sequer chega a ser ideia. Mas afinal que importa tudo isto, amanhã vou sair de casa com o casaco última moda da Gant e para a semana chega o meu novo BMW, quero lá saber dos outros que passam fome, a partir de Janeiro para pagar estas prestações, também eu, passarei fome.
Porque nos deixamos guiar como carneiros por este capitalismo selvagem?
Porque temos que ser todos iguais e normalizados?
Porque será que as pessoas que são capazes de dar uma boa gargalhada são olhadas de soslaio, como se fossem loucos?
Este Natal pensem um pouco em tudo isto e lembrem-se, não temos que ser todos diferentes uns dos outros, mas era boa ideia que não fossemos todos iguais.